quinta-feira, 23 de abril de 2009

A Segurança Pública e a Igreja-Corpo de Cristo. Partes II e III: JULGAR e AGIR

8. A Palavra de Deus nos revela a verdadeira Segurança e a plenitude da Paz

- O Salmo 91, dentre muitos salmos que refletem a confiança que devemos e podemos ter no Senhor, bem nos mostra como Deus é a nossa SEGURANÇA: Ele é o nosso abrigo, nosso refúgio, nossa fortaleza, seu braço é nosso escudo e armadura, Ele é a nossa morada. Ele é quem nos livra de toda sorte de males, aqui descritos o que de pior poderia acontecer a alguém naquele tempo antigo: cair na rede do caçador, padecer sob doença fatal, enfrentar o terror noturno, a flecha que voa de dia e de noite, a peste que desliza nas trevas, a epidemia que faz estragos ao meio dia, leões e víboras e dragões. O Senhor nos cobre com sua Sombra, nos refugia sob suas Asas. E enquanto mil tombam de um lado, e dez mil à direita, nós, que confiamos no Senhor, com todos os perigos, com todas as tribulações, continuamos. Perseveramos. Pois o Senhor é conosco. Nada nos separa deste amor de Deus. O amor de Deus, e portanto o próprio Deus, que é amor, é a nossa Segurança e Paz. E este amor, se revela plenamente em Jesus, que diz ‘Como o Pai me amou, eu vos amei. Permanecei no meu amor’ (Jo 15, 9). Ele por amor infinito, se doou para que tivéssemos a Paz que vem do Céu. Por isso a nossa Paz também só é plena quando nos doamos por amor, com Cristo, por Cristo e em Cristo ‘pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim’ (Gl 2, 20)

9. Cristo é a nossa Paz! O Príncipe da Paz! O Shalom do Pai para nós!

- Is 9, 5-6: “Pois um menino nos nasceu, um filho se nos deu: carrega o cetro do principado e se chama: ‘Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz’. Seu glorioso principado e a paz não terão fim no trono de Davi e em seu reino; ele se manterá e consolidará com a justiça e o direito, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos exércitos o realizará.” - Lc 24, 28-36: “Naquela época, os discípulos e Jesus aproximavam-se da aldeia para onde se dirigiam, e Jesus fingiu continuar adiante. Porém eles insistiam: ‘Fica conosco, pois é tarde e o dia está terminando’. Jesus entrou para ficar com eles, e enquanto estava com eles à mesa, tomou o pão, o abençoou, o partiu e o deu a eles. Então abriram-se os olhos deles e reconheceram que era Jesus (pois até então, estavam como que vendados). Mas Jesus desapareceu-lhes da vista. Comentavam: ‘Não se abrasava nosso coração enquanto nos falava pelo caminho e nos explicava as escrituras?’. Levantaram-se imediatamente, voltaram a Jerusalém e encontraram os onze com os companheiros, que afirmavam: ‘Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão’. Eles por sua vez contaram o que acontecera no caminho e como haviam reconhecido Jesus ao partir do pão. Estavam falando disso, quando Jesus se pôs no meio deles e lhes disse: ‘A paz seja convosco’.“ - Jo 20, 19-22: “Ao entardecer desse dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam com as portas bem fechadas, por medo dos judeus. Jesus chegou, pôs-se no meio e lhes disse: ‘A Paz seja convosco!’. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos se alegraram ao ver o Senhor. Jesus repetiu: ‘A Paz seja convosco! Como o pai me enviou, eu vos envio’. Dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: ‘Recebei o Espírito Santo’.” - Mt 10, 7-10.12s.20: “Vão pelo caminho e anunciem: ’O reinado de Deus está próximo’. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai leprosos, expulsai demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar. Não leveis no cinturão ouro nem prata, nem cobre, nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão. Pois o operário tem direito ao sustento. Ao entrardes numa casa, saudai-a: se ela merece, nela entrará a vossa Paz. Se não merece, vossa paz voltará para vós. Já não sereis vós que falareis, mas o Espírito de vosso Pai é quem falará através de vocês.” - Rm 5, 1: “Portanto, agora que recebemos a justiça pela fé, estamos em paz com Deus, por meio de Jesus Cristo Senhor Nosso”

10. Cristo nos dá a Sua Paz, não à maneira do mundo, e nos faz Bem Aventurados filhos de Deus Pai n´Ele, quando somos Construtores da Paz!

- o SENHOR É A NOSSA PAZ! Ele é a nossa verdadeira paz. Não a paz do mundo, baseada na opressão e na violência, na força das armas, à maneira daquela PAX ROMANA que Cristo enfrentou em seu tempo, em que o Império Romano mantinha silenciadas todas as revoltas contra as atrocidades que realizava por meio das invencíveis legiões romanas e do terror daquelas. Não é esta paz, feita com muros, grades, armamentos, intolerância, ódio, rancores, não é esta paz negativa a Paz que o Senhor dá a seus Apóstolos e os manda passar adiante. A Paz de Cristo, em hebraico, SHALOM, vem de Shalomon, ou seja, do próprio Salomão, o rei mais sábio de Israel, aquele que construiu o Templo de Jerusalém para guardar a Arca das Tábuas da Lei, o rei que teve o reinado mais próspero e mais estável segundo a tradição judaico-cristã. É esta Paz, que vem da sabedoria, do temor de Deus e do preenchimento de nossas necessidades materiais, de modo que todos tenham o necessário para terem uma vida digna, que o SHALOM desejado por Jesus Cristo significa. Isto é, a PAZ-SHALOM é Felicidade Plena, Vida em Abundância, em todos os sentidos, para todos. O Senhor é a nossa Paz e Segurança. Ele é quem nos faz repousar tranqüilos, ele deve ser o nosso fundamento eterno. Felizes somos nós quando acolhemos e vivemos esta Paz verdadeira que é Cristo. Pois Bem aventurados são, isto é, são Felizes os construtores da Paz (os que procuram e promovem a Paz) porque serão chamados filhos de Deus. (Mt 5, 9).

11. A Paz de Cristo é a Vida Plena para todos!

- Não podemos nos contentar com o mínimo de trabalho e de recompensas por Cristo e em Cristo, quando Deus quer para nós sempre o máximo. Deus quer tanto que nos esforcemos ao máximo em tudo que fazemos quanto que desfrutemos ao máximo de todas as coisas boas que temos em seu Filho! Será que ir à Igreja só de vez em quando, aparecer nas reuniões dos grupos e pastorais só de quando em vez, ou pior, só aparecer nas épocas de festa, não se comprometer com o serviço em nossa comunidade, que sempre anda precisando de nossa colaboração, não colocar os dons e carismas que recebemos de Deus a serviço, e se conformar em viver um cristianismo medíocre, sem engajamentos ou responsabilidades, sem concessões e sacrifícios, só da boca para fora, como faziam os mestres e doutores da Lei que Jesus chamava de ‘Hipócritas’ é o que Deus quer para nossa Vida de Fé? Será que realmente estamos inseridos na Igreja de Cristo, fazemos parte dela como Pedras Vivas, ou apenas estamos nos enganando que o somos? Nós somos canalhas e hipócritas, ou somos cristãos e discípulos missionários? Então, onde estão as obras que fazemos que dão testemunho de nós? Onde está o nosso testemunho de Vida e Fé? Precisamos abandonar essa mentalidade do Mínimo e metanoiar, mudarmos de mentalidade, para acolhermos a Vida Plena que Deus nos comunica. Precisamos viver esta vida em abundância, na compreensão do valor de tudo que nos é dado, e com a responsabilidade de zelar por esses dons e pela partilha justa dos mesmos entre todos nós.

12. A Paz é fruto da Justiça! A Justiça de Deus é o Amor! Os ramos de amor e reconciliação que brotam da Videira Divina são o que dá por fruto a plena Paz!

- Jo, 15, 7-8: “Se vocês ficam unidos a mim e minhas palavras permanecem em vocês, peçam o que quiserem e será concedido a vocês. A glória de meu pai se manifesta quando vocês dão muitos frutos e se tornam meus discípulos.” - Gl 5, 16-23a: “Por isso é que lhes digo: vivam segundo o Espírito, e assim não farão mais o que os instintos egoístas desejam. Porque os instintos egoístas têm desejos que estão contra o Espírito, e o Espírito contra os instintos egoístas; os dois estão em conflito, de modo que vocês fazem o que querem. Mas se forem conduzidos pelo Espírito, vocês não estarão mais submetidos à Lei. Além disso as obras dos instintos egoístas são bem conhecidas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, ciúme, ira, rivalidade, divisão, sectarismo, inveja, bebedeira, orgias e outras coisas semelhantes. Repito o que já disse: os que fazem tais coisas não herdarão o Reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si.” Será que estamos dando os frutos esperados? Se não, o que faremos a respeito? Precisamos dar os frutos do Espírito, pois esta é nossa missão.

13. Sede Misericordiosos porque o Pai do Céu é Misericordioso! Não pagueis o mal com o mal, mas o mal com o bem! Coragem! Eu sou contigo!

- Jo 15, 10 -12: “se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. Eu digo isso a vocês para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa. E o meu mandamento é este: amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado.” Não resta dúvida que somos capazes de amar o nosso próximo à semelhança do que Deus ama todos nós. Jesus, que é Deus, feito Homem, amou com coração humano, fez gestos de amor concretos com coração e mãos de Homem, de modo que, em Jesus, percebemos que não é impossível ao Homem amar como Deus. A intensidade sem fim do amor divino nos foi revelada pelo amor humano, gratuito e sem restrições, que se doa integralmente. Se buscarmos amar como Jesus, incondicional e gratuitamente, mesmo os que não merecem, estaremos amando à semelhança de Deus. É um amor deste tipo que é capaz de romper as relações de ódio e rancor, desmascarar os violentos, desbancar os opressores, não retribuindo violência com violência, pagando mal com o mal, mas engolindo orgulhos feridos e vaidades espetadas para buscarmos a reconciliação, vivermos o perdão. A Paz de Cristo é conquistada, não pela guerra, mas pelo “bom combate”, cujas armas são a ativa não-violência e o amor.

14. Viver e dar testemunho da Paz de Cristo requer um contínuo auto-encontro com a fonte de toda a Paz! Paz : esforço constante de discipulado e missão!

- 1 Jo 5, 2.3b-5: “Nisto reconhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e cumprimos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, porque todo aquele que nasceu de Deus venceu o mundo. E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé. De fato, quem pode vencer o mundo, senão aquele que acredita que Jesus é o filho de Deus?” Esta é a segurança que nos faltava nessa missão. Se estivéssemos sozinhos, ingressar numa batalha dessas contra um mundo mal e violento, dominado por estruturas de morte e pela indústria do medo, seria loucura. Mas não estamos sós. Em Cristo, somos mais que vencedores. É o Cristo Vivo, sua Presença Real, que nos acompanha, nos fortalece, nos capacita, nos guarda. A Providência divina não nos abandona. Somos, em Cristo, predestinados para a Felicidade Plena, para a mais completa Paz, na Vida Eterna. Por isso devemos estar animados, porque o Espírito que procede do Pai e do Filho nos anima, nos unifica e quer nos santificar. Por isso não teremos medo, porque o Senhor é conosco! O esforço, o sacrifício, as dificuldades, tudo ganha seu valor para se atingir o Cristo. Por isso a proposta de Cristo não é para um momento só, mas para nossa vida inteira, para sempre. Porque essa Palavra que é válida sempre e em todo lugar, não poderia deixar de ser o que é... E ela é caminho e verdade, ressurreição e vida, em abundância, pelo amor e graça de Deus para com cada um de nós. Dela devemos aprender sempre, nela nos renovarmos sempre!

15. CANTEMOS: “Deus nos abençoe, Deus nos dê a Paz! A Paz que só o amor é que nos traz! A PAZ QUE SÓ O AMOR É QUE NOS TRÁZ! (...) A Paz nas nossas casas, nas ruas do país, e a benção da justiça que Deus quis! (...) A Paz entre as Igrejas e as religiões e a benção do respeito entre as nações!”

16. O esforço contínuo da Metanóia para uma Cultura e Mentalidade da Paz por meio de gestos concretos de fé (CRER NO BEM), esperança (PERSEVERAR NAS DIFICULDADES) e caridade (AMOR – O DOM DE SI).

- Cantar, louvar a Deus, orar, pregar a Palavra, tudo isso é muito fácil, muito mais fácil que pôr em prática o que celebramos. É preciso que extraiamos do que celebramos na nossa Fé as forças e as orientações para efetivamente celebrarmos na Vida, no dia à dia, a cada dificuldade e momento nossos, tudo aquilo que nós cremos. Não basta celebrar no templo da Igreja, é preciso celebrar no templo de nossos corações, a Boa Notícia de Jesus Cristo, Filho de Deus. Pela fé no Cristo Ressuscitado, e pela presença viva e real do Cristo em nossas vidas, precisamos viver em casa, na família, na escola, no trabalho, no mundo, a mesma Fé, Esperança e Caridade que celebramos em comunidade fraterna de irmãos no templo de pedra. Só assim nós nos tornamos pedras vivas do verdadeiro templo santo que é o corpo de Cristo. Ter gestos concretos de Fé, Esperança e Caridade é sempre algo requer muito esforço, por isso precisamos nos preencher cada vez mais do Espírito e nos revestir cada vez mais de Cristo, nos convertermos cada vez mais à fidelidade da proposta do Pai, para sabermos discernir a cada situação o que devemos fazer, e termos forças para concretizar o que nossa consciência voltada para Deus nos aponta.
- Agir com Fé significa ter por fundamento de toda ação nossa a crença no Bem. Muitas pessoas andam sempre pessimistas, desiludidas com o mundo, com a vida, com o outro, com a Igreja, acreditando que o mal é invencível e que certos problemas não tem solução. Mas Cristo nos mostra que até o pecado tem solução, até o mal tem solução, até a morte tem solução! Pois pela ressurreição de Cristo foram derrotados o pecado, o mal e a morte, e nós todos ressuscitaremos numa vida eterna em que nada disso existe, esta é a nossa Fé! Cristo nos ensina que, sem ser ingênuos, precisamos crer no Bem, sermos confiantes no poder do Bem sobre o mal deste mundo, pois Ele mesmo sempre agiu crendo nisto, mesmo quando todos o humilhavam e escarneciam dele, e foi por esta Fé fiel no Bem que o Pai o ressuscitou. Se nós também queremos seguir os passos de Jesus para a nova vida que Ele quer nos dar, precisamos mudar nossa mentalidade, abandonarmos o pessimismo fundado na realidade material, abandonarmos nosso ceticismo materialista, e crermos no Bem revelado pelo Cristo!
- Agir com Esperança quer dizer não esmorecermos ou desanimarmos no que fazemos, mas perseveramos nas dificuldades. Não é uma esperança passiva, que fica sentada, esperando, mas é uma esperança ativa que nos faz persistirmos, com determinação, nos caminhos que tomamos pela nossa Crença no Bem! O próprio Cristo foi obstinado até o fim no caminho que tomou para si por sua crença fundamental no Bem, e nós também devemos ter em nós essa determinação em perseverarmos nos caminhos que sabemos serem os certos, nos caminhos que nos conduzem ao que é Bom, e tudo o que é verdadeiramente Bom vem de Deus. Para nós que estamos na caminhada, é especialmente importante cultivarmos em nós a virtude da Esperança, para que não desanimemos, não desistamos, de seguir os passos de Jesus, de ouvir sua Palavra e buscarmos vivê-la a cada dia. Nós, nossa Igreja e cada um de nós, não somos um Pelotão de Anjos, mas somos um Pelotão de Homens e Mulheres dispostos a recomeçar a cada dia, a permanecermos na caminhada com o Cristo apesar das tribulações. Por isso, a cada queda, que tenhamos a Esperança ativa que nos faz levantar e prosseguir.
- Agir com Caridade, que é o amor que Deus quer, significa fazer tudo pelo próximo, pelo necessitado, fundamentado no amor que temos pelo Cristo, e sem esperar quaisquer recompensas de alguém além do Cristo, pois tudo que precisamos ele já nos dá em abundância nesta Vida, enquanto reserva suas riquezas sem fim para nós na Vida Eterna. Por isso, no nosso trabalho pastoral, de evangelização, na Igreja e fora dela, devemos fazer tudo com o maior empenho e dedicação, independente de problemas e rixas com coordenadores, superiores, padres, colegas ou o que for, pois fazemos tudo de coração, pelo Cristo. Esse é o sentido da caridade. Não nos doamos porque somos bonzinhos, ou por qualidade nossa, mas porque Cristo nos ama tanto, nos deixa tão felizes, que se nós não partilhássemos ao menos uma parcela desse amor e felicidade com o nosso próximo estaríamos sendo egoístas e nos sentiríamos mal com isso. Nós nos doamos no serviço ao próximo, à Igreja, ao irmão, porque é o mínimo que poderíamos fazer frente a todo amor que Cristo tem para conosco. Fazemos tudo portanto, pelo Cristo, inclusive a caridade pelo próximo, inclusive o nosso serviço eclesial e pastoral. Se esquecemos disso, muitas vezes não conseguimos cumprir com nossas tarefas, especialmente aquelas em que somos mais necessários. Fazemos tudo por amor, por N.S.J.C.
- Assim, com a Fé que nos faz acreditar convictamente no Bem revelado pelo Cristo e nos faz escolher o caminho do Sumo-Bem que é Deus; com a Esperança que nos faz perseverar neste caminho, determinados a seguir os passos de Cristo apesar de todas as dificuldades; e com a Caridade, que nos faz trabalhar e fazer tudo para o próximo e para a Igreja pelo amor de nosso Senhor, Jesus Cristo, que nos amou primeiro, de graça e sem merecermos nos amou, e se entregou por cada um de nós; assim temos forças e orientação para realizarmos concretamente na nossa Vida diária tudo aquilo o que celebramos na nossa Fé dominical.

17. O Papel do Cristão, enquanto evangelizador: construir a Paz no ambiente em que estamos inseridos! Ser Discípulo Missionário Construtor da Paz é o Testemunho Vivo de que Cristo é nossa Páscoa e Paz!

- O papel de nós, cristãos, evangelizadores por natureza, é exatamente darmos testemunho de nossa Fé em Cristo, com Esperança Ativa, na prática da Caridade. Precisamos nos doar, por amor a Cristo, para cumprirmos a Proposta do Evangelho de construirmos o Reinado do Amor, da Justiça e da Paz. Precisamos acolher essa proposta, pela Fé, perseverar nessa proposta, pela Esperança Ativa, e sermos felizes em nos doar integralmente a essa proposta, pelo Amor ao Ressuscitado, que é o verdadeiro amor, a Caridade. Precisamos ser diferentes das pessoas que não tem Deus no coração, precisamos ter esse diferencial que é Cristo em nossas escolhas, em nossa perseverança e em nossa doação, e com isso precisamos fazer a diferença! As pessoas precisam reconhecer em nós, em nossa coerência entre aquilo que Professamos e aquilo que Vivemos, em nosso testemunho de vida pessoal e comunitária, realmente o próprio Cristo Vivo! É assim que evangelizamos, por Palavras e por Obras, pela interação cada vez maior entre uma e outra, entre a Fé fiel em Cristo e a nossa Vida. É assim, pautando nossa existência no princípio da interação Vida e Fé, que é o princípio da própria coerência e bom senso, que somos diferentes e fazemos a diferença, e que evangelizamos aonde quer que estejamos, como verdadeiros discípulos missionários do Reino, como efetivos Construtores da Paz e Justiça de Cristo!

18. A Paz construída pelo serviço de cada um, pondo os dons e carismas recebidos por nós do Senhor para produzir toda boa obra, com a disciplina de Administradores Fiéis, a humildade de Servos e a grande alegria de Convidados para participar da Grande Festa das Bodas Nupciais do Cordeiro!

- Precisamos ter a ação positiva de nos engajarmos no Programa da Paróquia por meio de cada um dos cristãos, que também são cristãos católicos inseridos na da realidade paroquial. A Igreja não forma cristãos para a Igreja, mas sim forma cristãos para Cristo, aonde quer que sejamos mais necessários, e o lugar onde mais somos necessários é na comunidade. Alí sempre há uma enorme carência de ministérios, que precisa ser suprida por pessoas de Cristo, com Cristo no coração, e devemos pensar em nós, cursilhistas, como essas pessoas. Se alguém acha que trabalhar na Comunidade já é muito, e que não tem condições de se ocupar com algum grupo, ministério ou pastoral da Paróquia, essa pessoa está sendo como Tomé, no evangelho deste 2° Domingo da Páscoa. Tem a fé para dizer ‘Meu Senhor e Meu Deus’, mas não está presente na comunidade dos apóstolos quando Jesus de fato aparece naquela comunhão. Não podemos esperar que Cristo se revele a nós se não estivermos em comunhão fraterna, reunidos com nossos irmãos, e o local por excelência de vivermos e celebrarmos essa comunhão é no pequeno núcleo, até mesmo familiar, de nossas comunidades Paroquiais. É ali que vemos o Cristo Ressuscitado. Não podemos partir para a missão que é ser cristãos sem primeiro estarmos preenchidos e fundamentados no Cristo em nível de Comunidade. Não podemos ser cristãos pela metade, temos de ser cristãos católicos sempre, com Fé e Vida em integração crescente, na Diocese e nas nossa Paróquias. Cada um de nós tem uma Paróquia e ali nós somos muito necessários, mas temos nos omitido enormemente em atuarmos também ali. Chegamos ao ponto de não ser raro ouvir as pessoas que realmente se doam nos grupos, ministérios e pastorais nas Paróquias chamarem os integrantes de grupos, movimentos e pastorais de ensimesmados e alienados, porque em sua maioria não se envolvem com nada! É preciso sermos coerentes, e pôrmos seus dons para trabalhar na realidade Paroquial até mesmo em primeiro lugar. Nos organizarmos para vivermos a interação Vida e Fé sempre é isso, atuarmos na Diocese e na Paróquia, na Igreja e fora dela, com a disciplina dos administradores fiéis ao quais o Senhor confiou talentos conforme a capacidade de cada um para que os pusesse para multiplicar e render bons frutos, com a humildade dos servos imprestáveis que não cumprem mais do que a sua obrigação com tudo isso, e principalmente com a alegria de convidados para participar do Grande Banquete da Vida e da Paz em plenitude que o Cordeiro Pascal, Imolado e Ressuscitado, preparou para cada um de nós.

19. Ser Cristão – um dom de grande dignidade; uma vocação de grande responsabilidade – Ser do Caminho de Cristo Jesus

- Em fim, ser Cristão nos confere uma grande dignidade e uma grande responsabilidade. Nossa dignidade vem do fato de Jesus mesmo nos ter agraciado com o DOM de sermos cristãos. Por meio do Dom de sermos cristãos, somos renovados em nossa Crença no ressuscitado, em nossa espiritualidade, somos preenchidos de maneira especial pelo Espírito Santo para vivermos nosso carisma de evangelizar os ambientes e termos a força que vem do alto para conseguirmos dar um testemunho de santidade no nosso dia à dia. Por meio desse dom, ele nos abençoa com toda sorte de bênçãos e graças, nos concede uma imensa família, unida por fortes laços de Fé, Esperança e Amor, nos dá alegrias, realizações, oportunidades e satisfações inúmeras. Mas com esse dom de Deus, que nos confere uma grande dignidade, também recebemos uma vocação de Jesus Cristo, que nos confere uma grande responsabilidade. Nossa vocação de cristãos está em cuidarmos de evangelizar a nós mesmos todo o tempo e também partilharmos com o outro este evangelho que queremos viver integralmente em todo lugar. Sermos diferentes e diferenciais, sermos testemunhos vivos, sermos construtores da Paz, sermos discípulos missionários do Reino, sermos do Caminho de Cristo Jesus, esta é a nossa vocação! Nossa responsabilidade é cuidarmos dos dons e riquezas inexauríveis que recebemos de Deus, e que nos fazem tão felizes, partilhando-as com todos, para que também sejam felizes como nós o somos em Cristo. Não se trata de um dever, ou de uma obrigação, porque com Cristo nada se faz por obrigação, tudo se faz por Fé, Esperança e Amor, mas se trata de um direito! O direito de seguirmos os passos do Mestre, o direito de vivermos integralmente nossa vocação, passando por nossas Crises e Cruzes que vem com esta missão, e indo além, até o Céu, com Cristo. Vamos viver este Caminho, viver neste Caminho, com todas as suas ladeiras, buracos, curvas, estreitos, atoleiros, problemas, e com todas as suas alegrias, flores, paisagens, campos, sol, felicidade, e Vida, até o Céu.

20. “Este é o Caminho do Cristo da Luz” – Receber o dom da Paz pela fé, viver esta Paz em comunhão de amor com os irmãos, comunicar a Paz por meio de Palavras e Obras, conforme o modelo do próprio Cristo, obediente até à morte, e morte de Cruz, para cumprirmos nossa meta de Santidade e alcançarmos as Graças Inexauríveis de Deus em nossas vidas, já nesta etapa e na Eternidade!

21 - SEJA LOUVADO N. S. JESUS CRISTO – PARA SEMPRE SEJA LOUVADO – POR MEIO DE NOSSO TESTEMUNHO DA VIDA E FÉ! AMÉM! ALELUIA!

domingo, 19 de abril de 2009

A Segurança Pública e a Igreja-Corpo de Cristo. Parte I : VER

1. A Segurança Pública em alta em todas as rodas de discussões

- Talvez nunca se tenha falado tanto de Segurança Pública quanto hoje. É assunto que os políticos debatem, à procura de implementar políticas públicas de Seguridade Social. Nas famílias e escolas debate-se como nunca o problema da violência, da criminalidade sem controle, da falta de segurança generalizada com que nos deparamos cotidianamente, numa simples saída de casa após certa hora. No plano internacional, as discussões sobre o terrorismo e rumores de guerra, no plano nacional, debates sobre a ação das polícias, do exército, do Judiciário, das empresas de segurança e das organizações da sociedade civil que lidam essencialmente com a nossa Segurança. Em todos os âmbitos debate-se essa questão da Segurança Pública, e com a Igreja também não poderia ser diferente. Este ano o Manual da CF/2009 lançado a nível nacional pela CNBB, de tema “Fraternidade e Segurança Pública” e lema “A Paz é fruto da Justiça”, volta-se inteiramente para as questões mais urgentes e profundas desta ampla temática. Também nas Igrejas Particulares vemos iniciativas que suscitam o debate e a reflexão dessas questões, como na Festa do Padroeiro S. Jorge iniciada há uma semana na Paróquia do Centro de Ilhéus e que alcança sua culminância na quinta feira próxima, 23 de abril, estruturada em torno do tema: “Catequese, caminho para o Discipulado e construção da Cultura da Paz”. Tudo isso nos chama a atenção para a relevância desse tema. Mais que dever de cada um, Segurança trata-se de um direito reivindicado por todos.

2. A gritante Violência e Insegurança que interpelam a realidade de todos nós

- Ocorre que ninguém hoje está fora do alcance da Violência ou da Insegurança. Elas se alastraram por toda parte, e atingem com força maior ou menor todos os níveis do convívio social, todas as alçadas, ricos e pobres, a cidade ou o campo, as melhores e as piores famílias. São temores generalizados ser roubado, ser vítima de balas perdidas, se deparar com pessoas violentas e armadas em festas, ser vítima de assalto ou seqüestro etc. Sem falar nas violências sonoras, visuais, ideológicas, crimes contra o patrimônio público, contra a ética e os direitos humanos, e demais violações que subjugam populações inteiras a toda sorte de desrespeito e Insegurança, e que infelizmente nos agridem a todo o momento, em nossa dignidade e consciência. Ninguém hoje pode ignorar a força, profundidade, complexidade e alcance da Violência e da Insegurança que oprimem nossos povos, comunidades e a cada um de nós.

3. As multíplices expressões e formas da Violência e Insegurança para nós

- São tantas as formas pelas quais a Violência e a Insegurança se propagam, que às vezes se torna até mesmo difícil classificá-las, ou mesmo reconhecê-las. Desde a concepção a vida humana está ameaçada pela violência do aborto, e até no fim da vida existe a ameaça da eutanásia, o assassinato consentido de pessoas em estado terminal ou vegetativo. Na economia, na política e na sociedade, diversas estruturas são atentados contra a vida por si, como a objetificação da pessoa humana nas relações de consumo e a sua instrumentalização no mercado de trabalho, o capitalismo selvagem, a concorrência desleal de uma sociedade excludente e elitista, que aliena dos benefícios da globalização a imensa maioria, o desemprego estrutural, a flagrante e crescente desigualdade entre a vida nas classes mais pobres e até mesmo miseráveis, e as grandes riquezas que se amontoam nas mãos de poucos, a corrupção e falta de vontade política nos sistemas do Estado, etc. Todas essas são formas de violação tanto quanto a violência contra a mulher, contra o menor de rua e o idoso abandonado nos abrigos e nos hospitais, a violência do abuso do poder, das armas, do tráfico e das conseqüências devastadoras da dependência das drogas, a violência da exploração sexual de menores e de condições subumanas de vida. Tudo isso deixa cada um de nós inseguros, seja objetivamente falando, seja enquanto psicologicamente paranóicos por temor de que todas essas realidades colidam com as nossas, a chamada insegurança subjetiva.

4. Relações de Ódio, Vingança, Indiferentismo e Morte em nosso meio


- Toda essa insegurança e medo que afligem nossa sociedade acabam configurando um terreno propício para a formação de relações humanas corrompidas, que não tem a pessoa humana como sujeito e fim último dos relacionamentos, mas como mero meio e instrumento para se conseguir algo mais. Nessas relações, as pessoas se tornam descartáveis uma vez que não se precise mais delas para conseguir certo intento ou uma vez que este já tenha sido alcançado, são destituídas de todo o seu valor e dignidade, são desumanizadas. Com o tempo, as pessoas se habituam a essas formas de relacionamento e chegam a esquecer de cogitar outras formas de se relacionar com o outro. Assim, as relações desumanizadoras que deveriam ser uma aberração, se tornam a regra em nossa sociedade, que cultua os ídolos do dinheiro, do poder e do prazer imediato acima de qualquer bom senso ou moral. O fundamento das relações humanas deixa de ser a pessoa humana, deixa de ser o bem, a honestidade, a conciliação com o outro e passa a ser o egoísmo e a satisfação de interesses que desprezam o outro completamente. Nós tornamo-nos indiferentes para com a realidade próxima, a dor do outro, o bem do outro, nos tornamos ensimesmados, fechados em nossos mundinhos individuais e egoístas onde o outro nunca tem vez. Essas relações nos escravizam sob estruturas de morte e não da vida e estimulam o ódio, a violência e a guerra em vez da Paz.

5. A Cultura da Guerra que temos e a Cultura da Paz que queremos

- Em nossa sociedade pensamos da seguinte maneira. “Se alguém falou mal de mim, me ofendeu, vai se ver comigo!”. Ainda é o velho “olho por olho e dente por dente”, ainda não conseguimos superar essa justiça comutativa. Acreditamos, até mesmo por falta de reflexão, que se alguém comete um crime, deve ir para a prisão para pagar por isso. Não pensamos na recuperação das pessoas, queremos saber é da punição equivalente ao dano que o criminoso vai sofrer, mesmo que isso só vá arruinar outras vidas. Não pensamos em pessoas, focamo-nos em vinganças. É a filosofia do “Aqui se faz, aqui se paga!”. Pensamos que é justo alguém receber exatamente pelo que fez, por mais implacável que isso seja. Acreditamos que Justiça é cada um receber o que é lhe é devido, na medida precisa do que fez, com toda a dureza e rigor da lei. E, na realidade, Deus jamais agiu conosco assim. Desde o princípio, quando Deus cria o céu e a terra, ele não pensa se o ser humano merece ou não aquela grande dádiva que é a Criação e o próprio dom da vida soprado em suas narinas. O ser humano não havia feito nada para merecer aqueles presentes grandiosos. Deus nos dá de graça. Quando o ser humano abusa dos dons que recebeu de forma gratuita e imerecida e desobedece a Deus, pecando, como faz desde nossos Primeiros Pais e até hoje, se Deus nos tratasse quanto a nossas faltas para com Ele da mesma forma como nós tratamos nossos semelhantes, estaríamos simplesmente perdidos! Mas Deus não nos trata como merecemos, não está preocupado em nos punir, Deus só quer que estejamos felizes, e plenamente felizes! Por isso, a verdadeira justiça, aquela que apreendemos de Deus, tem por meta superar essa mentalidade de vingança e de guerra do “olho por olho, dente por dente”, e ser pautada na misericórdia, na reconciliação, na harmonia que gera a Paz. A Cultura de Paz que queremos surge de uma mentalidade que entende por Justiça “que cada receba o que lhe é necessário para ter uma vida digna”. O criminoso, mais que ser punido, confinado em um ambiente desumano como um animal, e “padecer em penitência numa penitenciária”, precisa ser reeducado, precisa trabalhar dignamente para restituir a quem lesou e à sociedade pelos danos que cometeu, precisa ser recuperado para poder, via de regra, se inserir perfeitamente na sociedade uma vez mais. Precisamos pensar menos em penas e mais no perdão, mais no amor e menos na vingança.

6. As causas da Violência e Insegurança na Macro e Micro escala

- Percebemos que a Violência e a Insegurança não começam foram de nós; elas começam em nós e se exteriorizam. É verdade que o ambiente de profundas e graves desigualdades em nossa sociedade, de gritantes injustiças sociais, se torna ambiente propício para os espinhos e ervas daninhas da Violência e da Insegurança crescerem até nos sufocarem, mas a semente de onde nasce esse joio vem do interior de cada um de nós, da mentalidade de guerra em cada um de nós. O corpo social é muito grande para ser mudado de uma vez, mas nós podemos mudar nossas próprias cabeças, uma de cada vez. Quando a cabeça das pessoas começa a mudar, o resto do corpo social muda por seguimento. A Segurança Pública, portanto, muito diferente do que nós costumamos pensar, não é algo exterior a nós. Ela começa dentro de nós, quando aceitamos viver pautando nossas vidas individuais e comunitárias em um esforço contínuo pela Paz! Para que essa Paz se torne possível, precisamos tornar mais justa a nossa realidade social, o ambiente fora de nós, e mais misericordiosa a nossa realidade pessoal, o ambiente de nosso coração e de nossas vidas. É assim que se combate este mal.

7. As más raízes a serem ceifadas para permitir o florescimento da Paz

- Cortar pela raiz o mal é termos um comprometimento com as questões sociais, políticas, econômicas, ambientais e culturais e ao mesmo tempo acolhermos as responsabilidades de nossa fé em nossa dimensão pessoal. Não é fácil ser cidadão verdadeiro e nem é fácil ser cristão verdadeiro. Mas nós, para conquistarmos a Paz para nós e aqueles que amamos precisamos necessariamente ser cidadãos e ser cristãos de verdade. Precisamos cortar em nós tudo o que nos impede de vivermos essas nossas vocações voltadas para a Paz, precisamos cortar nossa alienação para o que acontece em nosso país, estado e município, precisamos cortar nosso egoísmo, nosso indiferentismo, nossa falta de compaixão, precisamos extirpar o joio e os espinhos de nossas campos, e só deixar florir a boa seara.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Projeto de Deus e o Compromisso do Crisma

O Projeto de Deus para toda a Criação e para o ser humano é voltado para o Bem, e concretiza-se no Amor Pleno e na Felicidade Verdadeira.
Desde o início, contudo, esse Projeto de Deus, Seu sonho desde toda a eternidade, tem sido atrapalhado pelo Pecado.
Chamamos “Pecado” a tudo aquilo que nos afasta de uma maior intimidade com Deus e rompe a nossa relação de amor com o outro, com Deus e com nós mesmos. É por causa do Pecado que não somos completamente felizes, e é por ele que existem a dor, a morte, e o mal na nossa realidade.
Se ficasse por si só, o ser humano iria somente se afundar cada vez mais no lodo sem fim do Pecado, e só iria sofrer e se auto-destruir mais e mais, arrasando junto tudo o que conhece. Mas Deus não abandona o ser humano que criou para si e que adotou com amor maternal, e oferece ao ser humano Sua Misericórdia divina, infinita e eterna, capaz até mesmo de curar nossa doença incurável, pagar nossa dívida impagável, libertar-nos de nossa prisão inescapável e mesmo derrotar o nosso inimigo invencível: o pecado, a morte, o mal.
Para realmente experienciarmos a Misericórdia inigualável de Deus, em nossa vida e em nossa história, entretanto, precisamos usar de Misericórdia com o nosso próximo, perdoá-lo, imediatamente e sempre, de qualquer mal que nos tenha feito; não abrir mão do valor central da vida, que consiste em reconhecer a dignidade da pessoa do outro; respeitá-lo, tolerá-lo, buscar sempre mais ajudá-lo e servi-lo, mesmo com o nosso sacrifício, e buscar sempre mais viver em comunhão com Deus.
Como modelo para nós, nesta difícil jornada e missão, Deus nos envia o Seu bem-amado Filho, Jesus Cristo, que estava com Ele no princípio e vem da parte do Pai todo-poderoso se fazer gente, para nos ensinar a também sermos gente – gente como Deus quer, vivendo a vida como Filhos e Filhas de Deus, agindo como sinais de Amor, Esperança e Fé, aonde quer que vivamos e estejamos.
Jesus, mais que nos perdoar de nossos pecados, vem nos ensinar o Perdão; mais que ser misericordioso conosco, vem nos ensinar a sermos misericordiosos com o outro, para que possamos eficazmente viver o Projeto de Deus para nós, em nossa vida e nossa história, e para toda a Criação, e assim participarmos da Felicidade Verdadeira, do Amor Pleno e da Santidade do Pai, por meio do Espírito Santo, com Jesus.
Assim, Jesus é, Ele próprio, a Boa Notícia plena, o Evangelho de Deus por nós e conosco, a nossa Salvação, já nesta vida e também na Vida Eterna que virá, e a última e derradeira Aliança de Deus com a humanidade, conclusão de todas as tentativas anteriores, de Deus firmar uma Aliança duradoura com os seres humanos, ao longo de nossa história, como nos revelam as Sagradas Escrituras, mostrando-nos as figuras de Adão e Eva, Noé, Abraão, Isaac e Jacó, Moisés e Davi, entre tantos outros Patriarcas, Profetas e Reis.
E nós, discípulos de Jesus, com a confiança de que o Cristo Jesus ressuscitou dos mortos e ascendeu de volta ao Pai, para nos abrir uma nova e definitiva dimensão de esperança, na eternidade, podemos viver o Projeto de vida que o Pai quer para nós e que Jesus Cristo nos revelou plenamente, com o auxílio e amparo do Espírito Santo de Deus. Podemos, assim, viver a Aliança definitiva de Deus com a humanidade, colaborando continuamente para a construção do Reino de Deus, testemunhando o Evangelho de Jesus Cristo em nossa vida diária, para edificarmos uma realidade de Paz e Justiça, plena de Amor de Deus.
Assumir um compromisso com essa proposta é o que significa receber o Sacramento do Crisma para aquele que entende e vive, verdadeiramente, sua condição de Pedra Viva da Igreja-Corpo de Cristo Jesus.
Por isso o Crisma é o Sacramento do início de nossa maturidade da fé, de uma experiência mais íntima e conhecimento mais profundo do próprio Cristo Jesus, e do crescimento da ação e Graça do Espírito Santo em nós, conosco e através de nós. O momento em que somos ungidos em nossas frontes com o óleo santo, não é a consumação do Crisma, portanto, mas o seu mero começar, é o despertar para uma realidade de compromisso e de perseverança em seguir os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo.Que nós possamos lembrar sempre do propósito que nos guia nesse caminhar, e não esqueçamos jamais que “Jesus Cristo é conosco, e Ele é caminho, verdade e vida, o Shalom do Pai para nós, o Príncipe da Paz”.