sábado, 8 de janeiro de 2011

CELIBATO SACERDOTAL

Muito se tem discutido sobre este assunto e parece que não são os padres os mais empenhados nessa discussão, mas outras pessoas empenhadas em dar destaque ao tema.


O Cardeal Basil Hume, primaz católico de Inglaterra, a 17 de Setembro de 2005, declarou aos microfones da BBC, que a lei do celibato não é divina, mas eclesiástica e portanto passível de ser mudada. Acrescentou algo, de muito controverso: que as vocações aumentariam, se bem que a Igreja está a perder pessoas muito válidas porque não querem ser sacerdotes celibatários. Acrescentou também que o celibato conserva o seu valor na sociedade actual “obcecada pelo sexo”: “É bom haver gente que possa dar testemunho do amor sem sexo”.


Estas palavras foram interpretadas, pela imprensa, como uma proposta que o Cardeal fazia para rever a lei do celibato. Logo a seguir o próprio Cardeal no Daily Telegraph, declarou: “Não proponho mudar a lei. Creio que o celibato é a solução adequada para a Igreja. (...) É um valor que devemos preservar”.


Muitos acenam com o que se passa nas igrejas protestantes, onde os pastores não assumem o celibato. Será que isso resolve tudo?


O então Cardeal Ratzinger no seu livro O Sal da Terra, afirma a dado passo: (...) “Quanto mais pobre é uma época no que respeita à fé, mais frequentes se tornam as quedas. Desse modo, o celibato perde credibilidade, e o que significa realmente não se manifesta. Mas é preciso perceber que épocas de crise do celibato são também épocas de crise do casamento. Porque hoje não observamos apenas rupturas do celibato, o próprio casamento torna-se cada vez mais frágil como fundamento da nossa sociedade. Para o celibato a escolha tem de ser livre. Antes da ordenação, até tem de se fazer uma promessa solene, confirmando que é o que se quer e que se faz livremente. Por isso, não me agrada muito que depois se diga que se tratou de um celibato obrigatório, e que foi imposto. Isso contradiz a palavra dada no início. (...) Para dizer de uma forma linear: depois da abolição do celibato só teríamos outro tipo de problemática com os padres divorciados”.


O Cardeal Hume referiu que é difícil o celibato, “mas seria ingênuo crer que a vida matrimonial é mais fácil. Atualmente 40 % dos matrimônios desfazem-se - uma proporção muito mais elevada que a do abandono do sacerdócio”.


Mas para avaliar as vantagens de suprimir a lei do celibato, ninguém melhor do que uma pessoa que conhece pessoalmente o assunto - Pamela Nightingale, casada com um sacerdote católico que antes fora ministro anglicano. Também ela hoje é católica.


“33 anos de vida matrimonial fizeram-me compreender bem o heroísmo que pedimos aos nossos sacerdotes para que vivam, geralmente, sós, sem ninguém com quem compartilhar intimamente as necessidades físicas, mentais e espirituais; (...) também é fácil esquecer a lealdade e a dedicação de tempo que o matrimônio exige a um homem. Qualquer pai ou mãe sabe os cuidados e as preocupações que os filhos dão, o esforço econômico que exige a sua educação. (...) Como poderia um bispo católico atender as numerosas paróquias da sua diocese, se os sacerdotes tivessem de colocar em primeiro lugar as necessidades das suas famílias? (...) O celibato sacerdotal é uma jóia da Igreja católica que só se tem posto em causa desde que começamos a ficar obcecados com a realização sexual, em vez de pensar na outra forma de realização que oferece o sacerdócio. Olhemos para o Papa João Paulo II e nele vemos uma pessoa totalmente íntegra na qual os dons intelectuais e os dotes físicos se combinam com uma profunda piedade e simpatia”.


A tudo o que foi escrito queria contrapor algo dito por Pamela Nightingale, acerca da falta de disponibilidade dos padres casados, com palavras do então Cardeal Ratzinger: “(...) Não se trata simplesmente de poupar tempo, porque, como não sou pai de família, até disponho de um pouco mais de tempo; isto seria demasiado primitivo e ingénuo. Trata-se, realmente, de uma existência que aposta inteiramente em Deus e que omite aquilo que normalmente torna uma existência humana adulta e auspiciosa”.


E para terminar cito uma frase que ouvi de um sacerdote católico, acerca deste assunto, e dita de uma forma jocosa: “Por que será que tanta gente quer que nós (os padres) tenhamos sogra?”.

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