sexta-feira, 2 de julho de 2010

Porque os padres não pode casar ?

Apesar de não existir um registro de quantos padres deixam a vida religiosa para casar, estima-se que sejam mais de 150 mil em todo mundo. Nos Estados Unidos são 25 mil, na Itália dez mil e na Espanha seis mil. Portugal, segundo a Fraternitas, deve ter cerca de 800 padres casados. O Vaticano diz que nos últimos 20 anos o número de padres no continente europeu caiu em 13%. No Brasil, o maior país católico do mundo, a situação é parecida. Em 1970, o País contava com um padre para cada grupo de 7.114 habitantes. Hoje, a relação é de um padre por 10.320 habitantes. Segundo dados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pelo menos 38 padres abandonam o sacerdócio por ano.

Resposta:

O Movimento Nacional de Padres Casados (MPC), é uma entidade fundada no final dos anos 70, e que edita o Jornal Rumos. Os registros divulgados pela Igreja mostram a existência de quatro mil padres casados no Brasil, mas estimativas feitas pelo MPC apontam o dobro. Os números são expressivos em um País onde o total de sacerdotes não chega a 14 mil.

O padre que constitui uma família continua sendo chamado de padre, porquê o sacerdócio é um compromisso irrevogável, mas não lhe é permitido exercer atividades ministeriais da Igreja.

A questão do celibato na vida sacerdotal já levou o papa Bento XVI a se reunir com os cardeais da Cúria para debater o assunto. A proibição do casamento para os padres é uma questão de disciplina, que vigora na Igreja desde a Idade Média, e que a qualquer momento pode mudar. Mas o atual papa é considerado o mais proeminente teólogo da ortodoxia católica. Para muitos estudiosos, ele representa a resistência aos que defendem uma Igreja menos conservadora em temas como controle da natalidade, pesquisas com células-tronco, divórcio, casamento para padres e ascensão de mulheres na hierarquia católica.

Como surgiu a proibição do casamento para padres?

A imposição do celibato surgiu no ano 306, com abrangência restrita à Espanha, no Concílio de Elvira. O casamento foi proibido para todos os religiosos. Pouco depois, em 314, o sínodo de Ancira permitiu o casamento dos diáconos (clérigo que vem abaixo do padre), legítimo até hoje. Com o papado de Gregório VII, na segunda metade do século XI, as investidas da Igreja em favor do celibato radicalizaram-se. Gregório repudiava os envolvimentos afetivos de representantes do clero. A maioria dos papas seguintes reafirmou a questão e, entre 1537 e 1563, durante o Concílio de Trento, o celibato se tornou obrigatório em todo o mundo.

Muitos acreditavam que a revogação aconteceria no Concílio Ecumênico do Vaticano II. Vários padres abandonaram o sacerdócio após o encerramento do Concílio, em 1965, devido à postura irredutível do papa Paulo VI, em manter a proibição do casamento para os religiosos.

Alguns historiadores defendem que o celibato foi instituído, na Idade Média porquê o clero não admitia ter de dividir os bens do religioso com sua família após a morte. Com o celibato, toda a herança do sacerdote ia para as mãos da Igreja.

o livro "Os clérigos", do padre alemão Eugen Drewermann, lançado em 1989, afirma que, um terço do clero vive em “situação matrimonial oculta”. Além disso, chama o celibato de “castração” e “violência”. Os jornais italianos chegam a afirmar que o banco da Santa Sé estaria gastando mais dinheiro defendendo-se de ações contra pedofilia na Justiça do que com a manutenção de suas igrejas.

Nas duas vezes que falou sobre o assunto, Bento XVI fez questão de realçar o valor da escolha do celibato sacerdotal. Mas a questão da proibição do casamento para os padres não necessita da realização de um concílio, como no caso da ordenação de mulheres, podendo ser abolida a qualquer momento por decisão do Papa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário