domingo, 29 de maio de 2011

Cáritas não é “uma ONG a mais”, afirma Bento XVI

A Cáritas não é uma ONG nem suas missões fazem mera filantropia, mas dão testemunho do amor de Deus aos homens através da Igreja.

Esta foi a mensagem do Papa Bento XVI ao receber em audiência os membros da Cáritas Internacional, que concluíram sua assembleia geral em Roma, com a eleição de um novo secretário-geral.

Trata-se de uma reunião importante para este organismo internacional, na qual se debateu sobre seu caráter eclesial e sua missão caritativa no mundo.

A Cáritas Internacional, sublinhou o Papa, “é diferente de outras agências sociais, porque é um organismo eclesial, que compartilha a missão da Igreja”.

“Isso é o que os pontífices sempre quiseram e é o que a vossa assembleia geral deve afirmar com força”, acrescentou, recordando que esta também foi a vontade de Pio XII ao instituí-la há 60 anos.

“Após os horrores e devastações da 2ª Guerra Mundial, o Venerável Pio XII quis mostrar sua solidariedade e a preocupação de toda a Igreja diante de tantas situações de conflito e emergência no mundo”, recordou o Papa.

Responsabilidade do bispo

O Papa recordou aos presentes que, “ao contrário de tantas instituições e associações eclesiais dedicadas à caridade, as Cáritas têm um traço distintivo”, que é sua identidade eclesial.

“Apesar da variedade de formas canônicas assumidas pelas Cáritas nacionais, todas são uma ajuda privilegiada para os bispos em seu exercício da caridade.”

Isso, sublinhou, “comporta uma especial responsabilidade eclesial: a de deixar-se guiar pelos pastores da Igreja”.

Além disso, “desde o momento em que a Cáritas Internacional tem um perfil universal e está dotada de personalidade jurídica canônica pública, a Santa Sé tem o dever de acompanhar sua atividade”.

Também deve “velar por que tanto sua ação humana e de caridade como o conteúdo dos documentos que difunde estejam em plena sintonia com a Sé Apostólica e com o Magistério da Igreja e para que se administre com competência e de modo transparente”.

“Esta identidade distintiva é a força da Cáritas Internacional e é o que torna sua atividade particularmente eficaz.”

Por isso, exortou os responsáveis da Cáritas a uma “estreita colaboração com os pastores da Igreja, responsáveis últimos por dar testemunho da caridade”.

Missão da Cáritas

O Papa quis recordar aos presentes que esta identidade eclesial, este “estar no coração da Igreja, ser capaz, de certa forma, de falar e agir em seu nome, a favor do bem comum, comporta particulares responsabilidades dentro da vida cristã, tanto pessoal como comunitária”.

O testemunho da caridade para a Igreja da nossa época é central, explicou o Papa, pois, através dele, “a Igreja chega a milhões de homens e mulheres, tornando possível que reconheçam e percebam o amor de Deus, que está sempre perto de toda pessoa necessitada”.

Além disso, a Cáritas deve ser porta-voz “de uma sã visão antropológica, alimentada pela doutrina católica e comprometida na defesa da dignidade de cada vida humana”, afirmou.

“Sem um fundamento transcendente, sem uma referência a Deus criador, sem a consideração do nosso destino eterno, corremos o risco de cair em mãos de ideologias prejudiciais.”

Outro aspecto da missão da Cáritas, acrescentou, é “favorecer a comunhão entre a Igreja universal e as Igrejas particulares, bem como a comunhão entre todos os fiéis no exercício da caridade”.

A Cáritas também está chamada a “oferecer sua própria contribuição para levar a mensagem da Igreja à vida política e social no âmbito internacional”.

“Na esfera política – e em todas aquelas áreas que se referem diretamente à vida dos pobres -, os fiéis, especialmente os leigos, gozam de uma ampla liberdade de ação.”

“Ninguém pode, em matérias abertas à discussão livre, pretender falar 'oficialmente' em nome de todos os leigos ou de todos os católicos”, explicou o Papa, mas também é verdade que cada católico “está chamado a agir com consciência purificada e com coração generoso para promover de maneira decidida aqueles valores que definiram sempre como não-negociáveis”.

A Cáritas Internacional “está chamada, portanto, a trabalhar para converter os corações a uma maior abertura aos outros”, para que “cada um, no pleno respeito de sua própria liberdade e na plena assunção de suas responsabilidades, possa agir sempre e em todos os lugares a favor do bem comum”, concluiu.

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