sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Fraternidade: necessária para vida plenamente humana, afirma Papa

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - O Papa sublinhou a importância da fraternidade humana, tanto nas relações pessoais como em escala global, em um discurso comum dirigido aos novos embaixadores do Nepal, Zâmbia, Andorra, Seychelles e Mali junto da Santa Sé, ao recebê-los no Vaticano por ocasião da apresentação de suas cartas credenciais.

Bento XVI observou que "o belo ideal de fraternidade (...) encontrou no desenvolvimento do pensamento filosófico e político uma ressonância menor em comparação a outros ideais, como a liberdade, a igualdade, o progresso e a unidade".

"Este é um princípio que se manteve praticamente como letra morta nas sociedades políticas modernas e contemporâneas, especialmente por causa da influência de ideologias individualistas ou coletivistas", lamentou.

Nesse sentido, reconheceu que a pessoa precisa de respeito, justiça e reconhecimento concreto dos direitos, mas acrescentou que "isto não é suficiente para levar uma vida plenamente humana".

"A pessoa também tem necessidade de fraternidade" e "não apenas em relacionamentos de proximidade, mas também em escala global", disse ele.

Ao mesmo tempo, reconheceu que, "assim como a razão humana é capaz de reconhecer a igualdade de todos os homens e a necessidade de limitar as excessivas disparidades entre eles", a fraternidade é, no entanto, "um dom sobrenatural".

Igreja, artífice de fraternidade

Ele também indicou que a fraternidade tem um significado especial para os cristãos, devido ao projeto do amor fraterno de Deus.

Explicou que "a Igreja vê a realização da fraternidade humana sobre a terra como uma vocação contida no desígnio criativo de Deus, que quer que ela seja cada vez mais fielmente o artífice dessa fraternidade".

Neste sentido, ressaltou a vontade da Igreja de "contribuir, sincera e fortemente, para a formação de uma comunidade mais fraterna entre todos os seres humanos".

"Ela está trabalhando para colocar o amor e a paz na base dos muitos laços humanos vividos pelas pessoas", acrescentou.

O Papa sublinhou que, "na vida cotidiana, a fraternidade é uma expressão concreta na gratuidade e no respeito".

Dom e fraternidade

E acrescentou que "qualquer forma de doação é fundamentalmente um sinal da presença de Deus, porque leva à descoberta fundamental" de que tudo é dom.

Compreender isso, segundo o Papa, "não torna as conquistas do homem menos belas, senão que o liberta da primeira de todas as servidões, a de querer criar a si mesmo".

"No reconhecimento do que lhe é doado, o homem pode se abrir à ação da graça e entender que está destinado a desenvolver-se, não à custa dos outros, mas com eles e em comunhão com eles."

Finalmente, o Papa referiu-se à fraternidade como um fim em si, apesar de que, "vivida entre os homens, pode encontrar um eco positivo em termos de ‘eficácia social'".

Bento XVI recebeu, nesta manhã, as credenciais de cinco novos embaixadores junto à Santa Sé: Suresh Prasad Pradhan, do Nepal; Royson Mabuku Mukwena, da Zâmbia; Miguel Angel Canturri Montanya, de Andorra; Vivianne Fock Tave, das Seychelles; e Boubacar Sidiki Toure, de Mali.

Depois de pronunciar o discurso comum aos cinco novos diplomatas, o Papa deu a cada um deles um discurso específico para cada um dos países que representavam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário