quarta-feira, 6 de julho de 2011

Bento XVI: informar de maneira autenticamente humana

Bento XVI visitou hoje a sede do jornal do Vaticano L'Osservatore Romano e sublinhou a importância de informar de maneira autenticamente humana, explicando que este objetivo só pode ser alcançado tomando como diretrizes a justiça e a esperança.

“Há poucos dias, em 1º de julho, o L”Osservatore Romano alcançou a notável idade de 150 anos de existência. Eu gostaria de dizer-vos de todo coração, como se faz em casa: feliz aniversário!”, disse o Papa.

Esta comemoração “suscita sentimentos de gratidão e de orgulho legítimo”, explicou, afirmando que sua visita buscava “expressar meu reconhecimento a cada um dos que 'fazem' o jornal com paixão humana e cristã e com profissionalismo”.

A forma moderna de fazer um jornal, prosseguiu o Pontífice, “exige muito mais, digamos, criatividade humana que trabalho técnico”. Por isso, esta “oficina” na qual nasce o L'Osservatore Romano “se dedica certamente a fazer, mas antes e sobretudo a conhecer, a pensar, a julgar e a refletir”.

Prioridades

Em seu discurso, Bento XVI reconheceu que “ninguém pode informar sobre tudo” e, por isso, “é necessário ter sempre um discernimento, uma escolha”.

“E sabemos bem – disse – que a escolha das prioridades é, na atualidade, muito discutível, em muitos órgãos da opinião pública.”

Por isso, “o L'Osservatore Romano adotou sempre dois critérios: unicuique suum e non prevalebunt. Esta é uma síntese característica para a cultura do mundo ocidental. Por um lado, o grande direito natural, a cultura natural do homem, concretizada na cultura romana, com seu direito e o sentido da justiça, e por outro lado, pelo Evangelho”.

“Poderíamos dizer também – prosseguiu o Santo Padre – que, com estes dois critérios, o do direito natural e o do Evangelho, temos como critério a justiça e, por outro lado, a esperança que vem da fé.”

“Estes dois critérios unidos – a justiça que respeita todos e a esperança que vê também as coisas negativas sob a luz da bondade divina, da qual estamos seguros pela fé – ajudam a oferecer realmente uma informação humana, humanística, no sentido de um humanismo que tem suas raízes na bondade de Deus. E, assim, não é somente informação, mas realmente formação cultural”, disse.

Observatório

Bento XVI considerou que, “neste observatório, são vistas tanto as coisas distantes como as próximas. Distantes em um duplo sentido: antes de tudo, distantes em todas as partes do mundo, como nas Filipinas, Austrália, América Latina; isso, para mim, é uma das grandes vantagens do L'Osservatore Romano, que oferece realmente uma informação universal, que realmente vê o mundo inteiro e não somente uma parte”.

Por esta razão, mostrou-se agradecido, visto que “normalmente nos jornais se dão informações, mas com uma preponderância do próprio entorno, e isso faz que caiam no esquecimento outras partes do mundo, que não são menos importantes”.

No caso do cotidiano vaticano, “vê-se algo da coincidência do Urbis et Orbis que é característica da catolicidade e, de alguma maneira, também é uma herança romana: olhar verdadeiramente para o mundo, e não para nós mesmos”.

“Deste observatório – prosseguiu –, as coisas distantes também são vistas em outro sentido: o L'Osservatore não permanece na superfície dos acontecimentos, mas vai à raiz. Para além da superfície, mostra-nos as raízes culturais e o fundo das coisas.”

“Para mim – concluiu –, não é somente um jornal; é também uma revista cultural. Admiro como é possível, cada dia, oferecer grandes contribuições que nos ajudam a entender melhor o ser humano, as raízes de onde vêm as coisas e como devem ser entendidas, cumpridas e transformadas.”

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