quinta-feira, 17 de março de 2011

Bento XVI: Itália é modelo de sã laicidade

A Itália, com sua configuração atual, fruto da Concordata de 1984, que substituiu os Pactos Lateranenses de 1929, tornou-se um modelo de sã laicidade.

O Papa Bento XVI faz essa afirmação na mensagem enviada nesta quarta-feira ao presidente da Itália, Giorgio Napolitano, por ocasião da celebração, nesta quinta-feira, dos 150 anos da unificação do país.

Depois de recordar a época turbulenta das relações entre Igreja e Estado italiano após a proclamação da unificação da Itália, o Papa sublinhou a importância dos acordos de 1984.

A conclusão do Acordo de revisão dos Pactos Lateranenses, firmado quase no início do pontificado de João Paulo II, “marcou uma nova fase das relações entre Igreja e Estado na Itália”.

Nesse sentido, o pontífice quis recordar algumas palavras do seu predecessor, indicando que a atual Concordata “situa-se agora em uma sociedade caracterizada pela livre competição das ideias e da articulação pluralista dos diferentes componentes sociais”.

João Paulo II desejava naquele momento que a Concordata se tornasse “um fator de promoção e de crescimento, favorecendo a profunda unidade de ideais e de sentimentos, pela qual todos os italianos se sintam irmãos em uma mesma pátria”.

“E acrescentava que no exercício de sua diaconia para o homem, a Igreja pretende atuar no pleno respeito da autonomia da ordem política e da soberania do Estado. Ao mesmo tempo, ela está atenta à proteção da liberdade de todos, condição indispensável à construção de um mundo digno do homem”, recorda Bento XVI.

O homem – prossegue o pontífice – “só na liberdade pode buscar com plenitude a verdade e aderir sinceramente a ela, encontrando na mesma motivo e inspiração para o compromisso solidário e unitário ao bem comum”.

O Acordo “contribuiu largamente para delinear essa sã laicidade que marca o Estado italiano e o seu ordenamento jurídico”, evidenciando “os dois princípios supremos que estão chamados a presidir as relações entre Igreja e comunidade política: o da distinção de âmbitos e o da colaboração”.

A colaboração é motivada pelo fato de que “a Igreja e a comunidade política, ainda que a título diverso, estão ao serviço da vocação pessoal e social do homem”.

“A Igreja é consciente não só da contribuição que oferece à sociedade civil para o bem comum, mas também do que recebe da sociedade civil.”

Privilégio

Por outro lado, o Papa assinalou o caso particular da Itália, que acolhe em seu seio a sede pontifícia.

A Itália – afirmou – sempre conduziu “a carga, mas ao mesmo tempo o singular privilégio”, de ter em seu território a sede do sucessor de Pedro e o centro da cristandade.

Os italianos sempre responderam a esta consciência “expressando proximidade afetiva, solidariedade, ajuda à Sé Apostólica para sua liberdade e para alcançar a realização das condições favoráveis ao exercício do ministério espiritual no mundo por parte do sucessor de Pedro”.

O Estado italiano “ofereceu e continua a oferecer uma colaboração preciosa, da qual a Santa Sé desfruta e pela qual está conscientemente agradecida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário