quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Cáritas Espanha: pobres já são 20% da população

MADRI, terça-feira, 2 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – “Precisamos de mais mãos e mais meios para seguir adiante e para continuar dizendo à sociedade que as vítimas da pobreza são pessoas, não números.”

Esta é a mensagem lançada pelo presidente e pelo secretário-geral da Cáritas Espanha, Rafael del Río e Sebastián Mora, respectivamente, na coletiva de imprensa realizada ontem, em Madri, para apresentar os dados da Memoria Confederal 2009 da instituição.

Na coletiva, apresentou-se a nova fase da campanha “Cáritas diante da crise”, que vem se desenvolvendo desde 2008 para convidar a sociedade a reforçar sua solidariedade com as vítimas da situação econômica.

Nesta nova etapa, lançada com o lema “São pessoas, não números”, a Cáritas pretende renovar seu convite à comunidade cristã e a toda a sociedade para, em palavras de Sebastián Mora, “gerar opinião para impulsionar uma maior solidariedade com as pessoas mais pobres e que a sociedade conheça a fundo, muito além da torrente de dados econômicos, como a crise está afetando as pessoas mais vulneráveis”.

Neste sentido, o secretário-geral da Cáritas falou da possibilidade de que a precariedade aumente, ao analisar o incremento das taxas de pobreza – que, segundo os dados de FOESSA e da última Pesquisa de Condições de Vida do INE, atinge 20% da população – ou o recorte de políticas sociais.

A atividade das 68 Cáritas diocesanas que integram a Confederação Cáritas na Espanha gera, como indicou Sebastián Mora, “uma sensação ambivalente: de alegria, pelo muito que se fez, e de sofrimento, pela evidência de todas as dificuldades ainda pendentes que são enfrentadas pelas pessoas mais vulneráveis”.

Os dados demonstram, em geral, um saldo positivo quanto ao esforço realizado na luta contra a pobreza. É especialmente positivo que, em meio a uma profunda crise econômica, os recursos totais investidos pela Cáritas Espanhola em 2009 (230 milhões de euros) tenham aumentado 6% em relação ao ano anterior; que o número de voluntários tenha crescido 5%; e que a base de sócios e benfeitores tenha se duplicado, até superar os 472 mil.

Da mesma forma, o secretário-geral sublinhou que a Cáritas redobrou seus esforços para responder aos efeitos da crise nas pessoas em condições mais precárias.

Os dados recolhidos nas frentes de ação prioritária diante da crise revelam que em apenas 2 anos se duplicou o número de pessoas atendidas, até chegar a cerca de 800 mil. Quanto ao emprego, atendeu-se mais de 90 mil pessoas. E quanto à moradia, os recursos aumentaram 22%.

O fortalecimento da ação da Cáritas durante 2009 não só se confirma nos programas de luta contra a pobreza dentro da Espanha, mas também se reforça na Cooperação Internacional, na qual os recursos aumentaram 5%.

Este dado, como destacou Mora, reflete a verdadeira identidade da Cáritas de enfrentar os efeitos da exclusão a partir de uma visão global, porque, “quando lutamos contra a pobreza em terceiros países, estamos lutando também contra a pobreza dentro do nosso”.

Quanto à procedência dos recursos, confirma-se a tendência mantida durante os últimos 10 anos de maior preponderância dos fundos privados sobre os públicos. Em 2009, de cada 100 euros investidos pela Cáritas, 62 procediam de doações privadas e 37 de subvenções públicas.

Os responsáveis da Cáritas Espanhola destacaram a importância deste fato pelo que supõe “de fortaleza da base social com que a instituição conta, de liberdade para a Cáritas na hora de manter sua independência na denúncia e a formulação de propostas sociais aos poderes públicos, e de garantia de futuro para manter seu compromisso com os mais fracos diante de um futuro incerto de crescentes recortes nos gastos sociais”.

Para mais informação: www.caritas.es.

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