quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Papa exorta bispos da Itália a “viver da liturgia”

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 9 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Bento XVI insistiu com os bispos italianos na importância da liturgia para a vida cristã, na mensagem que enviou com motivo da assembleia plenária da Conferência Episcopal, que se celebra esta semana em Assis.

Aproveitando que nesta reunião plenária se revisará a tradução ao italiano do Missal Romano, o Papa dedica grande parte de sua carta, dirigida ao presidente da CEI, cardeal Angelo Bagnasco, a falar da centralidade da liturgia na vida cristã.

“O autêntico crente, em toda época, experimenta na liturgia a presença, a primazia e a obra de Deus”, afirmou o Papa.

A liturgia é “veritatis splendor, acontecimento nupcial, pregustação da cidade nova e definitiva e participação nela; é vínculo de criação e de redenção, céu aberto sobre a terra dos homens, passagem do mundo a Deus; é Páscoa, na Cruz e na Ressurreição de Jesus Cristo; é a alma da vida cristã, chamada ao seguimento, reconciliação que move à caridade fraterna.”

Referindo-se a esta terceira edição do Missal Romano, o Papa recorda que “todo verdadeiro reformador, de fato, é obediente à fé: não se move de forma arbitrária, nem se arroga falta de compromisso com o rito; não é amo, mas o guardião do tesouro instituído pelo Senhor e confiado a nós”.

“Dar voz a uma realidade perenemente válida exige portanto o sábio equilíbrio de continuidade e novidade, de tradição e atualização”, assinala.

“A Igreja inteira está presente em cada liturgia: aderir-se a sua forma é condição de autenticidade do que se celebra.”

A “correspondência da oração da Igreja (lex orandi) com a regra da fé (lex credendi) molda o pensamento e os sentimentos da comunidade cristã, dando forma à Igreja, corpo de Cristo e templo do Espírito”, acrescenta o Papa.

Esta terceira edição do Missal Romano, que foi apresentada oficialmente ao Papa João Paulo II em 2002, custou dez anos de trabalho à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.

Entre uma das novidades, o Missal amplia as possibilidades para um bispo de permitir a comunhão sob duas espécies.

Eucaristia

Em sua mensagem, o Papa, recordando São Francisco de Assis, patrono da Itália, explica que a vida deste santo coincidiu precisamente com a reforma litúrgica do Papa Inocêncio III e do Concílio Lateranense IV.

Esta reforma supôs, entre outras coisas, a introdução do “Breviário”, assim como a inserção do termo “transubstanciação” na profissão de fé.

Precisamente, afirma o Papa, São Francisco era um grande devoto da eucaristia. “Da participação na Santa Missa e do receber com devoção a Santa Comunhão brota a vida evangélica de São Francisco e sua vocação para percorrer o caminho de Cristo Crucificado”.

O santo tinha também grande estima pelos sacerdotes convidava seus frades a recordar-lhes a importância de que levassem uma vida santa e coerente.

“O Santo de Assia não deixava de contemplar como o Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, humilhou-se até se esconder, para nossa salvação, na pouca aparência do pão”, explica o Papa.

“Perante este dom, queridos irmãos, que responsabilidade de vida se desprende para cada um de nós”, disse.

Educação e família

Por outro lado, o Papa referiu-se ao plano pastoral dos bispos italianos dedicado a como enfrentar a “emergência educativa”.

A atual crise que o homem contemporâneo atravessa, assinala Bento XVI, é na realidade uma “crise de confiança na vida” e influencia “de forma relevante no processo educativo, no qual as referências seguras se fazem fugazes”.

Indicadores desta crise são, afirma, o “eclipse do sentido de Deus e o ofuscamento da dimensão da interioridade, a formação incerta da identidade pessoal no contexto plural e fragmentado, as dificuldades do diálogo entre gerações, a separação entre inteligência e afetividade”.

O homem contemporâneo “investiu muitas energias no desenvolvimento da ciência e da técnica”, mas este progresso “aconteceu frequentemente às custas dos fundamentos do cristianismo, nos quais se enraíza a história fecunda do continente europeu”.

“A esfera moral foi confinada ao âmbito subjetivo e Deus, quando não é negado, é contudo excluído da consciência pública”.

Perante isso, é necessária “uma relação pessoal de fidelidade entre sujeitos ativos, protagonistas da relação, capazes de tomar partido e pôr em jogo sua própria liberdade”.

Esta nova visão deve necessariamente “partir de uma nova proximidade à família, que reconheça e apoie sua primazia educativa: é dentro dela onde se molda o rosto de um povo”.

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