sábado, 2 de abril de 2011

Judeus e católicos esperam assinatura dos Acordos Santa Sé-Israel

A comissão bilateral de diálogo, formada pelo Grão-Rabinato de Israel e pela Comissão da Santa Sé para as Relações Religiosas com o Judaísmo, expressou confiança de que sejam assinados logo os Acordos bilaterais entre a Santa Sé e o Estado de Israel.

Assim afirma a declaração com a que se concluiu a 10ª reunião das duas delegações, realizada em Jerusalém até ontem, 31 de março, e que discutiu a "liderança religiosa na sociedade leiga".

A Comissão "manifestou sua esperança de que as questões pendentes nas negociações entre a Santa Sé e o Estado de Israel sejam resolvidas em breve, e que os acordos bilaterais sejam prontamente ratificados em benefício de ambas as comunidades", diz a nota.

Ambas as delegações reconheceram que o trabalho desta Comissão "influencia na mudança positiva ocorrida na percepção das relações judaico-cristãs na sociedade de Israel".

O diálogo se centrou nos "desafios da sociedade secular moderna", bem como no papel de liderança dos crentes nela.

"Além de seus muitos benefícios, os rápidos avanços tecnológicos, o consumismo desenfreado e uma ideologia niilista, com foco exagerado no indivíduo, em detrimento da comunidade e do bem-estar coletivo, levaram-nos a uma crise moral."

Junto com os benefícios da emancipação, diz a nota, "o século passado foi testemunha de uma violência e crueldade sem precedentes. Nosso mundo moderno está substancialmente desprovido de sentido de pertença, significado e propósito".

Para judeus e católicos, "a fé e a liderança religiosa têm um papel fundamental na resposta a estas realidades", para trazer "esperança" e "orientação moral".

Ambas as delegações propuseram a figura de Moisés como "paradigma de líder religioso que, através de seu encontro com Deus, responde ao chamado divino com fé total, amando a sua gente, pregando a Palavra de Deus sem medo, tendo a liberdade, a coragem e a autoridade que vem de obediência a Deus, sempre e incondicionalmente, ouvindo todos, pronto para o diálogo".

Também sublinharam que a responsabilidade dos crentes é "testemunhar coerentemente a presença divina em nosso mundo", o que deve ser visto "na educação, com foco nos jovens e no compromisso efetivo dos meios de comunicação", bem como na área caritativa.

Tanto para judeus como para católicos, a secularização ou laicidade positiva "trouxe muitos benefícios".

Se a secularização for bem compreendida, enfatizou, "é possível prover uma sociedade em que a religião possa florescer".

"No entanto, para este foco possa ser sustentável, precisa contar com mais estrutura antropológica e espiritual, que leve em conta o bem comum, que, por sua vez, encontra sua expressão na fundação religiosa dos deveres morais."

A delegação católica aproveitou a ocasião para "reafirmar o ensinamento histórico da declaração ‘Nostra Aetate', do Concílio Vaticano II, com relação à aliança divina com o povo judeu, que é amado em atenção aos seus pais. Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis​".

Por parte católica, participaram os membros da Comissão da Santa Sé para as Relações Religiosas com o Judaísmo, entre os quais os cardeais Jorge Mejia e Peter Turkson, o patriarca de Jerusalém, Dom Fouad Twal, e seu vigário, Dom Giacinto-Boulos Marcuzzo, além de teólogos de renome, bem como o arcebispo de Chieti, Dom Bruno Forte, e Francesco Fumagalli.

Por parte dos judeus, participaram o rabino-chefe, Shear Yashuv Cohen, e os rabinos David Brodman, Ratzon Arussi e David Rosen.

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