sábado, 4 de junho de 2011

Grande expectativa na Croácia pela visita do Papa

Já está tudo pronto em Zagreb para receber Bento XVI em visita apostólica neste fim de semana, por ocasião do Dia das Famílias Católicas croatas, e participar de uma espécie de Jornada da Juventude do país.

Aos microfones da Rádio Vaticano, o cardeal Josip Bozanić, arcebispo de Zagreb, explicou como os católicos croatas estão se preparando para receber pela primeira vez o Papa Bento XVI.

Eminência, como a Croácia se preparou para receber o Papa?

Cardeal Bozanić: Antes de mais nada, quero dizer que na Croácia há uma grande expectativa por ocasião da visita do Santo Padre Bento XVI. Assim que a notícia se tornou pública, como Igreja começamos um caminho de preparação, tanto no âmbito diocesano como nacional. Cada diocese elaborou programas nos quais se procurou envolver sobretudo jovens e famílias. Os jovens se prepararam com várias atividades, com encontros de oração e de adoração. Tenho de dizer que imediatamente muitos aderiram ao convite de participar do encontro com o Papa: será para eles a Jornada nacional da Juventude que se celebra cada dois anos, mas é a primeira na qual o Papa estará presente. E os jovens o esperam com muito entusiasmo. Para as famílias, foram elaboradas catequeses especiais, realizadas em grupos paroquiais. Desde que se anunciou a visita pastoral, os párocos acompanham toda a preparação com uma oração intensa e com uma profunda gratidão. Tudo gira ao redor do lema do encontro com o Santo Padre na Croácia: "Juntos em Cristo".

Por que se escolheu este lema?

Cardeal Bozanić: Nós, como bispos da Igreja na Croácia, escolhemos este lema porque a palavra "juntos" faz referência ao desejo de encontro, de comunhão de todo ser humano. E este aspecto, que é a dimensão antropológica, tem seu cumprimento e sua plenitude na dimensão teológica e cristológica, ou seja, em Cristo, na novidade de Cristo. Cristo é a rocha sobre a qual cada fiel, cada família cristã tem de construir sua casa para percorrer os caminhos da vida.

Quais são os desafios pastorais mais urgentes da Igreja na Croácia?

Cardeal Bozanić: Acho que o maior desafio é o do secularismo, que está cada vez mais presente na nossa sociedade e que mostra sua influência sobretudo nas novas gerações. A Igreja sente, além disso, o apelo a dedicar-se às famílias, que também estão expostas à cultura secularizada e que neste período são atingidas pela falta de emprego, nesta situação de dificuldades sociais e econômicas generalizadas. Nossa preocupação pelas famílias quer chegar a sensibilizar também as instituições civis, para que saibam intervir a favor da família, não só com palavras, mas também com autênticas intervenções. A família é uma instituição que deve ser defendida: de fato, na família está o futuro da Igreja e da sociedade.

Na noite do sábado, Bento XVI terá um encontro com os jovens croatas. Como é a realidade da juventude no país?

Cardeal Bozanić: Os jovens que participarão do encontro com o Santo Padre pertencem, em sua maioria, às gerações nascidas após a queda do regime comunista. Compartilham, portanto, a mesma realidade dos demais jovens europeus, mas são também muito sensíveis aos valores espirituais e às iniciativas da Igreja; sentem que a Igreja é a sua casa, que lhes dá espaço e se dedica a eles. Com frequência, esses mesmos jovens propõem iniciativas nas paróquias: encontros de oração, peregrinações… Nossos jovens participam com prazer da vida sacramental e procuram também se confessar.

No domingo, 5 de junho, o Papa rezará também diante do túmulo do Beato cardeal Alojzije Stepinac (1898-1960), preso pelo regime comunista devido à sua defesa da liberdade religiosa. Que significado o povo croata atribui a este gesto?

Cardeal Bozanić: Para a Igreja na Croácia, o cardeal Stepipnac é um modelo de fidelidade a Cristo, à Igreja, à Santa Sé. O Beato Stepinac foi um verdadeiro pastor: entregou-se para defender os direitos fundamentais de todo homem e de todo povo, para defender quem era vítima de perseguições. Para nós e para a Igreja, ele foi uma testemunha vivente da esperança cristã; com a sua vida, ele soube testemunhar a esperança que nasce da plena confiança na fidelidade de Deus, que leva à vitória do bem. O Beato Stepinac foi também um homem de consciência: para não trair sua própria consciência e não destruir a palavra dada a Cristo e à Igreja, não cedeu a nenhuma pressão, aceitando conscientemente inclusive o martírio.

Qual é o papel da Croácia na Europa hoje?

Cardeal Bozanić: A Croácia está aberta à União Europeia e está se preparando para entrar. Por parte da Igreja, estamos abertos a esta possibilidade: no fundo, pode-se dizer que a Croácia vive no âmbito da civilização europeia. Somos também conscientes das dificuldades e das possibilidades que a entrada da Croácia na União Europeia pode envolver. Diante deste passo, parece-nos importante sublinhar a lógica da troca: somente com o conhecimento recíproco da própria identidade, cultura, história e costumes, os povos europeus podem construir juntos uma "casa comum". Acho, além disso, que a Croácia, dado que está situada em uma região do continente na qual se encontram e convivem tanto pessoas que professam a fé cristã - pertencentes à Igreja Católica ou à Igreja Ortodoxa - como pessoas que professam a religião muçulmana, está chamada a ser lugar de diálogo confessional e inter-religioso. A Croácia está chamada a ser ponte para a Europa.

Eminência, quais são as esperanças da Igreja e da nação croata para a visita do Papa?

Cardeal Bozanić: Para nós, é um dom especial poder passar estes dois dias com o Santo Padre, encontrar-nos com ele e rezar com ele. Nosso coração está aberto e deseja acolher suas palavras e sua mensagem. Vemos este acontecimento com grande gratidão e reconhecemos nele uma importante oportunidade para tornar mais viva a nossa resposta cristã, para ser autênticas testemunhas da fé, movidos pela esperança e pela caridade.

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